11 de março de 2010

centoetrês.


E foi assim que sem nenhuma pretensão ela se deixou ser tomada pelo desconhecido. Ele nem sequer foi sutil, a gana de possuí-la transparecia em sua respiração, ele precisava dela, do seu sorriso infantil e sua voz caricata, dos abraços confortantes que paravam o tempo, ele sentia que aquela mulher era dele, seria só dele.

Ele a fez acreditar que segurar a mão dele era mais seguro, que o mundo pareceria mais fácil se os dois se tornassem um, ele a convenceu de que o amor existe e é seguro. Os olhos da mulher se tornaram suaves, o modo grotesco foi sendo abafado pela vontade de tê-la por perto, os dias se passaram e tudo se ajeitou.

Ele se perde em infinita beleza quando a contempla dormindo em sua cama, o pensamento que devassa sua mente é a felicidade exorbitante, a memória persiste reviver as promessas feitas e os beijos tão bem dados ao correr da noite. És bela, és única, és sua.

Enquanto ele dorme, depois de uma bela canção e boas melodias, ela desperta da segurança profunda que a mantinha presa em seus lençóis, suas mãos tateiam o corpo já conhecido ao seu lado, ela se vira e vê que sorte a dela. Os olhos apertados a mantêm perplexa diante tanta perfeição e ela permanece ali, estática, absorta em seus pensamentos insanos e medrosos, pronto, o sono pode voltar.

...

Minha mente, minha prisão.

Minhas palavras, meu mundo.