22 de fevereiro de 2011

fica pra próxima.


'eu nunca mais te vi por aqui , disse a doce menina.'
Lorrânia Viana.

É completamente diferente estar do outro lado da rua. Soltei quietinha sua mão e me aventurei a atravessar o trafego intenso enquanto você estava ocupado demais para sentir minha presença.
Se fosse como de costume um medo absurdo subiria entre minhas pernas e me paralisaria antes mesmo do primeiro passo, os pensamentos libertinos não serviriam absolutamente para nada, se fosse como antigamente eu nem – hipoteticamente - pensaria em andar sozinha, não.
Os corações mais chegados e íntimos sempre me perguntam se anda tudo bem, em ordem, em paz, e eu com toda minha serenidade respondo a mais pura verdade dizendo que sim, tudo anda nos conformes. Sabe, acho que estou certa, acho que nunca me deleitei em uma calmaria tão profunda, em um amor tão único, tão maternal, eu jamais vou me esquecer disso.
Uma parte de mim sente falta dos carinhos, do toque, do sexo gostoso, do sorriso fácil, eu não sou tão maldita quanto pareço, ainda não. Não me venha com convites medíocres, olhares ingênuos ou até mesmo com o seu charme incrédulo, eu simplesmente atravessei a rua entende?!
A vista daqui deste lado é branda e pura, o meu coração aqui bate mais pausadamente, os meus pensamentos deixaram de ser tão sórdidos e mesquinhos. Ah, mais uma coisa, obrigada pela presteza e pela oportunidade de amar, não você, mas o que criamos.

Beijos,

L.

Minha mente, minha prisão.

Minhas palavras, meu mundo.