15 de dezembro de 2010

passa no cartão.


'Publicar um texto é um jeito educado de dizer
"me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu".'
Tati Bernadi.




E no final das contas tudo gira em função do amor, droga.
Aqui estou nesse aquário móvel, aonde todos me enxergam cegamente, onde sento minha bunda nesta cadeira confortável e espero os minutos, só espero. Não que eu não me divirta, não é isso, eu chego a dar boas risadas das peças que encontro e quando percebo por fim estou apenas parada, inerte, olhando sem a pretensão de enxergar, é... não existe vida mais linda.
O belo casal que acabou de passar na minha frente, a delicadeza como ele carrega a bolsa dela, a mulher de meia idade logo à direita comendo despretensiosa com seu marido – suponho. As duas jovens que provavelmente estão contando algum caso ou fofoca, pois riem desvairadamente, a filha de mãos dadas com o pai, são vidas que de alguma maneira se ligam apesar do desconhecido, e ainda tem gente que consegue reclamar do Cara.
Acho que escrevo, penso, re-penso, re-escrevo pra perceber que é uma dádiva acordar e amar. Por um bom tempo da minha – senil- vida eu me senti metade. Acho que foi devido a isso que nunca fui boa em despedidas, na verdade nunca aceitei as partidas, sejam elas minhas ou alheias. Devo boas orações e doses de cachaça a minha psicóloga, ô mulherzinha esperta e falante - ato não muito comum em terapeutas creio.
Eu não sei muito bem o que anda acontecendo aqui dentro, um aperto súbito me toma logo pela manhã quando pego meu simplório celular e vejo a foto brega de fundo e nada de ligações perdidas ou uma mera mensagem. Ê final de ano mais lindo. Haha, não sei se repararam, mas ultimamente (mais exatamente nos derradeiros vinte dias) eu re-encontrei o beijo mais doce, o toque mais suave, o sorriso mais idiota de todos, há pouco – ou muito – tempo eu encontrei você. Acho tão brega esse lance de romantismo e toda essa balela, contudo é espontâneo demais quando me pego olhando que nem uma jumenta para seus olhos, sua boca, eu me odeio em certos momentos por ser você.

Credo que texto auto-explicativo para um final de ano. Creio que é a época que deixa todos tão solidários, alegres e nostálgicos, é se for isso bem, se não for não me importo nem um pouco. Eu só ligo em estar bem, querer bem, só.



L.

Minha mente, minha prisão.

Minhas palavras, meu mundo.